História da Comunidade
em Campo Maior

História do Mosteiro da Imaculada Conceição
(Convento Concepcionista)

COMO TUDO COMEÇOU…

1936 início da guerra civil espanhola.

A Abadessa da Comunidade concepcionista de Villafranca del Bierzo (Léon), Madre María del Socorro, procura informações acerca da situação em que se encontram os Mosteiros em Espanha e indaga a existência de concepcionistas em Portugal.Em correspondência com o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Cerejeira, a Madre Socorro toma conhecimento de que há já alguns anos não existem Mosteiros de concepcionistas no país. Contudo, fica também a saber que dias antes de ter início a guerra civil espanhola chegaram a Lisboa três irmãs do Mosteiro concepcionista El Pardo (Madrid). Estas religiosas – Madre María del Carmen, Madre María del Triunfo e Madre Corazón de María – procuravam em Portugal um local de refúgio para a sua comunidade durante a guerra e foram orientadas pelo próprio Patriarca para a vila de Campo Maior, terra onde nascera a fundadora da Ordem.
A comunidade de Villafranca vê nesta situação o desígnio de Deus e a oportunidade de restaurar a Ordem da Imaculada Conceição em Portugal. A Madre Socorro entra em contato com as irmãs de El Pardo que já estavam em Campo Maior; estas, sentindo-se muito consoladas e confortadas com tal aproximação, logo na primeira carta descrevem as favoráveis condições para uma fundação em Campo Maior.
O povo desejando muito a presença das filhas da “Beata Beatriz da Silva,” venerada nesta terra, mostra-se muito acolhedor e facilita-lhes tudo quanto necessitam.
Estas notícias foram recebidas com indescritível entusiasmo e a ideia da fundação foi acolhida com interesse e carinho; nos recreios já não se falava de outra coisa e muitas se sentiam animadas a ser contadas entre as fundadoras.


(Cf. Crónicas do Mosteiro de Villafranca del Bierzo, León)
História do Mosteiro da Imaculada Conceição
(Convento Concepcionista)

INÍCIO DA FUNDAÇÃO

“O Senhor Arcebispo de Évora, D. Manuel Mendes, estava interessadíssimo pela realização dessa fundação em Campo Maior, não somente por ser considerado o país natal da nossa Beata Madre Beatriz, a quem o Senhor Arcebispo venerava muito, mas também porque desejava ter um convento de monjas de clausura na sua Arquidiocese, uma vez que não tinha nenhum.”


(Crónicas do Mosteiro de Villafranca del Bierzo, León)

1940 Após terem sido obtidas as autorizações necessárias, no dia 8 de junho de 1940, a Rvda. Madre María del Socorro, Abadessa da comunidade de Villafranca del Bierzo, acompanhada de Sor Maria Francisca del Niño Jesús, secretária, saiu do seu Mosteiro rumo a Portugal para ver se era possível a realização da fundação porque não convinha comprometer-se sem saber antes como e com que meios haveria de fazer-se.
(Cf. Crónicas do Mosteiro de Villafranca del Bierzo, León)

“Ficaram impressionadas ao entrar no antigo Convento de Santo António, que a Divina Providência colocava nas suas mãos para restaurar, voltando assim a cantar-se os divinos louvores interrompidos durante longos anos.”


(Crónicas do Mosteiro de Villafranca del Bierzo, León)

“Exceto a Igreja e algumas dependências, o restante Convento de Campo Maior estava em ruínas e em estado deplorável quando lá foi a Rvda. Madre Socorro.”


(Crónicas do Mosteiro de Villafranca del Bierzo, León)

“O edifício, mesmo em ruínas, conservava vestígios da sua solidez e bom gosto, com boa distribuição das suas dependências para ser adaptado a um Mosteiro de clausura.”


(Crónicas do Mosteiro de Villafranca del Bierzo, León)
História do Mosteiro da Imaculada Conceição
(Convento Concepcionista)

10 JUNHO 1942

A chegada a Campo Maior das irmãs vindas da comunidade de Villafranca del Bierzo ocorreu em quatro momentos distintos. Todo o processo se realizou de comum acordo entre a Madre Maria del Socorro e o Sr. Arcebispo de Évora, D. Manuel Mendes da Conceição Santos, como confirma a correspondência epistolar de 7 de janeiro de 1940.
“O santo e sábio Arcebispo (…) venera com especial predilecção a nossa Beata Madre Beatriz, e com seus sonhos apostólicos concebeu o projecto de fundar na dita Vila um convento da Ordem Concepcionista.”


(Carta Circular da Madre Socorro, 13 de junho de 1942)
“Grande emoção sentiram as nossas queridas irmãs ao pisar a terra de Campo Maior, tantas vezes pisada pela nossa amada Madre Beatriz…”
(Crónicas do Mosteiro de Villafranca del Bierzo, León)

“À entrada das madres para a Igreja, formavam alas um grupo de raparigas da Acção Católica, que, cantando o Hino da Beata Beatriz da Silva, lhes lançavam flores. Queriam tornar-lhes aprazível este exílio voluntário, e suavizar-lhes um pouco as agruras da fundação. Mas a cruz do Senhor pesa sempre a seu tempo. Durante a trezena de Santo António estiveram na Igreja e uma vez terminada foram receber as felicitações das pessoas presentes.
Acompanhadas dos dois Párocos da vila de Campo Maior, o Sr. P. Luciano Cutileiro e o Sr. P. Dr. Gabriel da Costa Gomes, e ainda de um grupo de senhoras e raparigas novas, que lhes tinham preparado as camas e as refeições para os primeiros dias, foram visitar as ruínas do Mosteiro. Neste momento é que começou a entrar um pouco de desânimo no coração das monjas, pois à medida que avançavam, encontravam a cada passo ruínas e mais ruínas, que eram povoadas apenas por animais diurnos e nocturnos, habitantes habituais de casas desabitadas e em ruína como o Mosteiro se encontrava.”


(Crónicas da Comunidade de Campo Maior)

“Para preparar os princípios da fundação, viemos cinco Religiosas; encontrando-nos aqui desde o dia dez do corrente. Grande emoção sentiram as nossas almas, ao pisar esta bendita terra, sobre tudo ao atravessar os umbrais do velho Convento que nos servirá de morada, desta Mansão feliz na qual encontrarão refúgio doces jovens desta Católica Nação, que encontrarão aqui a paz e a dita que o mundo não pode dar-lhes.”


(Carta Circular da Madre Socorro, 13 de junho de 1942)

Fases da fundação

10 de junho de 1942
1ª fase
5 Religiosas
(duas destas religiosas voltam ao seu mosteiro de origem, por ordem dos superiores, no dia 22 de janeiro de 1943)
11 de dezembro de 1942
2ª fase
4 Religiosas
(Nesta data, o Pe. Capelão muda-se definitivamente para Campo Maior para acompanhar esta fundação)
2 de fevereiro de 1943
3ª fase
2 Religiosas
1 de novembro de
4ª e última fase
5 Religiosas
História do Mosteiro da Imaculada Conceição
(Convento Concepcionista)

UMA CASA SEMPRE EM CONSTRUÇÃO...

“Deixamos aqui uma palavra de agradecimento e recordação a todos aqueles que com tanto carinho e desvelo nos ajudaram ao longo de todos estes anos e nesta tão árdua empresa. Nomeá-los um a um seria quase impossível pois podemos dizer que em cada habitante de Campo Maior encontrámos um amigo e um benfeitor.”


(Crónicas da comunidade de Campo Maior).
2018

Obra de requalificação da Igreja do Convento.



2016-2017

Restauro dos claustros (substituição de toda a canalização).

2015
  • Restauro da casa de S. José (antiga cozinha da matança);
  • requalificação da hospedaria e da roda.


2014
  • Restruturação do espaço do noviciado e restauro das escadas do noviciado;
  • requalificação do Coro baixo.
2009-2013

    Requalificação de grande parte dos telhados e algumas obras de restauro da sala de lavor.



2007-2014

    Requalificação dos jardins.

2005

    II fase de restauro do Mosteiro com a obra da ala Este – um dos dormitórios – que se encontra em perigo de ruir.



1995

    Requalificação do pátio de entrada do Mosteiro, locutórios, refeitório, cozinha e algumas pequenas obras de manutenção.

1962-1963

    Restauro do claustro primitivo.



1950-1954

    Construção das dependências destinadas à habitação do Padre Capelão e às pessoas externas ao Mosteiro, tal como a área destinada às Casas de Trabalho. Construção do Coro baixo (local onde rezam as irmãs) com acesso à igreja, em abril de 1954 – última das obras desta primeira fase.

1948-1950

Recomeço das obras interrompidas devido à falta de verbas; reconstrução das diversas dependências do Mosteiro que se encontram em ruínas.



1943-1944

    Início da I fase das obras de reconstrução com o restauro do dormitório: “Um grupo de senhoras, vendo o mal instaladas que estavam as nossas madres e o urgente que era dar começo às obras, dão-lhes algumas esmolas (...). [O dormitório] foi inaugurado no dia 7 de outubro de 1944, consagrou-se à Sagrada Família, cuja imagem se colocou no centro do corredor.”
    (Crónicas da comunidade de Campo Maior)

1942

Depois deste longo período e estando praticamente em ruínas, este convento vê chegar 10 monjas espanholas da Ordem da Imaculada Conceição, provenientes do Mosteiro da Conceição de Villafranca del Bierzo, acompanhadas pelo capelão Pe. Santiago Fernandez de las Eras Palacios.



1938 ou 1939
    • A população de Campo Maior faz alguns restauros na igreja, por isso esta se encontra em boas condições aquando da chegada da comunidade fundadora;
    • (Um dado curioso é o facto de se ter mantido o culto todos os sábados na capela de Nossa Senhora da Conceição – capela lateral desta igreja – durante os mais de 100 anos de ausência de religiosos).

“Existe igualmente nesta formosa Vila um convento que pertenceu aos Padres Franciscanos (...). Foi este convento que nos foi cedido para a fundação. Parte do edifício está em ruinas, mas ainda conserva vestígios da sua solidez e beleza. No centro dos seus espaçosos e elevados claustros há um bonito pátio com um poço e ao seu redor, caprichosamente colocados, laranjeiras e limoeiros de aspeto encantador. Também tem uma maravilhosa e espaçosa horta.”


(Carta Circular de la Madre Socorro, 13 de junio de 1942)
1834

Expulsão dos frades.



1738

Construção do claustro.

1732

Conclusão da construção da igreja - segundo a data do pórtico principal.



1709

    Transladação da comunidade para estas instalações.

1685

    Início da construção deste convento, chamado quarto convento, sob o patrocínio do rei D. Pedro II.



1645

    Mudança da comunidade para outro local e demolição do segundo convento para ampliação das fortificações do Castelo da Vila.

1514

    Ampliação do referido convento com a construção de um segundo.



1493

    Fundação do convento primitivo pelos franciscanos Frei Jorge de Paiva e Frei Amador da Silva, sob a invocação de Santo António.

História do Mosteiro da Imaculada Conceição
(Convento Concepcionista)

AS “CASAS DE TRABALHO”

Ao virem para a fundação Sua Ex.ª (Sr. Arcebispo de Évora) pediu-lhes para que abrissem uma Casa de trabalho para raparigas pobres, tendo as religiosas aceitado, parecendo-lhes que seria esta a vontade do Senhor manifestada através do Prelado, e por ser ainda esta uma obra de caridade espiritual urgentíssima e imperiosa, pois as raparigas da terra estavam completamente abandonadas no espiritual, sem terem quem lhes falasse de Deus e lhes ensinasse a servi-l’O e a amá-l’O. E como a Santa Sé permitia nesta altura algum apostolado que não fosse diretamente contra a vida puramente contemplativa aceitaram abrir a referida Casa de Trabalho.


(Crónicas da Comunidade de Campo Maior)
Esta casa de trabalho destinada às raparigas pobres do Concelho uma vez que é absolutamente gratuita, foi inaugurada solenemente no dia 6 de Janeiro de 1948. À festa de inauguração estiveram presentes algumas individualidades (...) todos os organismos católicos; as futuras alunas e muito povo de todas as categorias e de ordem social.
(Crónicas da Comunidade de Campo Maior)

Houve uma distribuição de roupas e comida a pobres feitas pelos Srs. Presidente da Comissão Municipal de Assistência e Comandante da Legião Portuguesa, terminada a qual se procedeu à cerimónia da bênção e inauguração. Usaram da palavra o Sr. Arcebispo, o Sr. Presidente da Câmara, o Sr. Presidente da Comissão Municipal de Assistência e finalmente a Madre Abadessa – Madre Maria do Socorro Sanchez – num discurso que a todos agradou pela sua clarividência e altos dotes de inteligência. Terminada a mesma foi servido um lanche, “copo de água”, oferecido e servido pelas principais senhoras da terra.


(Crónicas da Comunidade de Campo Maior)

Esta Casa de Trabalho, que começou a funcionar logo no dia imediato, tendo como professora de lavores, catecismo e moral as Madres Maria Engrácia da Natividade e Maria Josefa Ferreiros, ficou sendo uma instituição de assistência, subsidiada pelo Ministério da Saúde e Assistência (…) em 2 de março de 1955 foram aprovados os estatutos oficiais da referida instituição por despacho de Sua Ex.ª o Sub – secretário de Estado da Assistência, ficando assim oficialmente formado não só perante as autoridades religiosas, como também civis.


(Crónicas da Comunidade de Campo Maior)
As Casas de Trabalho funcionaram ao longo de 24 anos e receberam aproximadamente 330 alunas. Acompanharam-nas, ao longo destes anos, Sor Maria Josefa, Sor Maria Engrácia, Sor Clara, Sor Imaculada e Sor Teresinha. Os frutos destas Casas de Trabalho perduram até aos dias de hoje na forte relação que se mantém entre as ex-alunas e a comunidade.
Com a abertura da escola e alguns postos de trabalho, viram-se reduzidas o número de alunas. Em 1972, face às novas normas do Concílio Vaticano II, numa renovada exigência em relação à Clausura, a motivação para a existência das Casas de Trabalho, deixa de existir e a extinção destas acaba por ocorrer neste mesmo ano.
História do Mosteiro da Imaculada Conceição
(Convento Concepcionista)

OUTROS ACONTECIMENTOS
1941
26 de setembro
Autorização de Roma para a Fundação
1942
10 de junho
Fundação da Comunidade
1948
6 de janeiro
Inauguração das Casas de trabalho
1954
Lançamento da biografia sobre Santa Beatriz: “Uma flor Portuguesa”
1967
Bodas de Prata da Comunidade
1970
31 de maio
Fundação da Comunidade de Viseu. Saem desta comunidade de Campo Maior para iniciar a experiência fundacional na diocese de Viseu, 4 irmãs: Madre Engrácia, Sor Beatriz, Sor Coração de Maria e Sor Inês. Atualmente essa comunidade é composta por 18 irmãs, estando 5 delas no Estoril, a mais recente experiência de fundação
1976
3 de outubro
Canonização de Santa Beatriz da Silva, em Roma
1987
Documentário 70x7
Primeiro documentário televisivo realizado sobre esta comunidade
1989
13 de maio
Colocada a Estátua de Santa Beatriz da Silva no Santuário de Fátima. Desde a canonização de Santa Beatriz da Silva em 1976, a comunidade de Campo Maior empreende as diligências necessárias junto do Santuário de Fátima, dos Bispos e párocos das dioceses do país e da população portuguesa para ver cumprido este grande desejo.
1992
Bodas de Ouro da Comunidade. Grande envolvimento da população da vila nos festejos: Missa solene, teatro sobre Santa Beatriz, noite de fados e outros eventos.
2002
No dia 31 de dezembro deste ano morre a última irmã fundadora, Sor Pura de Cristo Rey
2005
Assembleia Confederal: a pedido da Madre Maria del Mar Carballo, coordenadora das federações espanholas, realiza-se a Assembleia Confederal em Portugal, na Quinta de São João em Elvas.
2008
Lançamento da biografia sobre Santa Beatriz da Silva escrita pelo Doutor José Félix Duque: Dona Beatriz da Silva, Vida e Obra de Uma Mulher Forte. A controvérsia sobre o local de nascimento de Santa Beatriz é objeto da minuciosa investigação do autor que, nesta obra, apresenta os dados históricos que finalmente o comprovam.
2010
A Santa Sé responde positivamente ao pedido de confirmação do local de nascimento de Santa Beatriz da Silva (Campo Maior) feito por esta comunidade com base no argumento do Doutor José Félix sobre o tema.
2011
Celebração do V centenário da Aprovação da Regra da OIC. Realizam-se dois documentários: um apresentado no Congresso Internacional em Fátima, outro no programa 70x7 da RTP; realiza-se também uma entrevista no programa Ecclesia (RTP). Organiza-se uma peregrinação da vila de Campo Maior, com uma representação da comunidade, à Casa-Mãe em Toledo, Espanha, para o encerramento deste jubileu. – Congresso Internacional em Fátima promovido pela comunidade e pela Diocese de Évora;
2012
A RTP2 realiza uma reportagem sobre o dia a dia no Mosteiro, para um programa sobre Santos Portugueses, que inclui Santa Beatriz da Silva e a sua obra.
2013
Inauguração da Casa Museu de Santa Beatriz da Silva em Campo Maior.
2015
Ano da Vida Consagrada; Peregrinação federal a Vila Viçosa e a Campo Maior; Lançamento do Livro infantil A força escondida de Santa Beatriz da Silva.